domingo, 1 de maio de 2011

Senador R.Requião diz que sofre bullyng por parte da imprensa

Senador cita Cristo e fala em bullying

Um dia depois de ameaçar fisicamente e tomar o gravador das mãos de um repórter no plenário do Senado, Roberto Requião (PMDB) usou a tribuna da Casa para reclamar do bullying que, segundo ele, é praticado pela imprensa contra os políticos. O senador admitiu que "perdeu a paciência", comparou sua indignação à de Jesus Cristo "contra os vendilhões do templo", mas não esboçou qualquer tipo de retratação.

Também não comentou o trecho da gravação divulgada anteontem em que pergunta ao jornalista Victor Boyadjian, da Rádio Bandeirantes, se ele "já pensou em apanhar?"

Na saída do plenário, seguido por cerca de 20 repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, ele apenas disse que "não houve ameaça alguma".
"Se você ouviu a gravação, não me pergunte nada.
Não vou dar a oportunidade de vocês editarem a minha opinião."
Segundo Bo­­­yadjian, entretanto, ele deixou a entrevista de anteontem falando pelos corredores que "estava louco para bater num moleque".

A ameaça fez o repórter registrar um boletim de ocorrência na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília. O caso seguiu para a corregedoria da PF, que decidirá se ela é o órgão competente para realizar a investigação. Se for, o caso será distribuído a uma delegacia, haverá abertura de inquérito e todas as partes serão ouvidas.

"Eu não quero fazer nada contra ele, só quero me proteger. Nunca fui ameaçado antes", afirmou Boyadjian.

No discurso de ontem, Requião usou argumentos parecidos aos que já vinha escrevendo em sua conta no microblog Twitter.
Ele confirmou que foi procurado pelo jornalista para comentar sobre a influência dos gastos públicos na alta da inflação, mas que sentiu "doses de provocação" quando Boyadjian ligou a questão à pensão de R$ 24,1 mil que recebe como ex-governador do Paraná.

"Ao estilo CQC ou Pânico [programas humorísticos de televisão], o repórter queria como que me extorquir respostas, não para esclarecer o tema, mas para acuar o entrevistado, ao modelo desses programas que citei.
Foi quando perdi a paciência e peguei o gravador do repórter.
Por que o fiz?
Para que ele não editasse a entrevista, não a picotasse, não a desfigurasse", afirmou.

Como resposta a supostos desvios da imprensa, Requião defendeu a criação de uma lei que agilize a concessão de direito de resposta.
"Acho que é um momento correto para resolvermos esse problema e acabarmos com o abuso, com esse verdadeiro bullying que sofremos, nós, os brasileiros, parlamentares ou não, nas mãos de uma imprensa, muitas vezes, absolutamente provocadora e irresponsável."
No episódio, porém, não caberia direito de resposta porque nada chegou a ser veiculado pela Rádio Ban­­­deirantes contra Requião.

(Fonte: Jornal Portal do Paraná - em 27/04/2011)