quinta-feira, 21 de abril de 2011

Os Psicopatas estão entre nós

Ao contrário do que se possa imaginar, a maioria dos psicopatas está do lado de fora das grades

Engana-se aquele que pensa que os psicopatas são os assassinos em série, estupradores ou pedófilos. Segundo pesquisador sobre o assunto e mestrando em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Elter Garcia, os psicopatas, dificilmente, são presos: na maioria dos casos, os crimes são perfeitos e eles estão totalmente adaptados à sociedade.

“A maioria das pessoas acha que está longe dos psicopatas, mas a maioria deles está entre nós. Quem tem psicopatia, não se perde nas emoções. Isso faz com que eles, dificilmente, sejam detectados. Além disso, os psicopatas não matam sem uma razão muito forte. Eles matam para atingir um objetivo. Esse tipo de pessoa comete crimes com muita inteligência. É o caso da Suzane von Richthofen, que planejou com frieza a morte dos pais, para ficar com a herança. Ela só foi pega porque os seus comparsas a denunciaram”.

Nesse sentido, Garcia explica que Wellington Menezes de Oliveira – que assassinou 12 adolescentes em escola municipal de Realengo, no Rio de Janeiro, na semana passada – não tinha perfil de psicopata, mas de esquizofrênico.
“O psicopata não faz nada contra si mesmo e Wellington se matou, além disso, a morte das crianças não tinha um objetivo final maior que remetesse à satisfação pessoal posterior”, diferencia.

Dessa forma, Garcia explica que grande parte dos psicopatas pode ser encontrada nas concorrências por altos cargos das grandes corporações. “Os psicopatas são excelentes profissionais, pois têm uma visão fria das coisas. É bastante comum encontrá-los na disputa de altos cargos. Eles buscam alcançar a liderança passando por cima de todos, nem que – para isso – tenham que inventar um escândalo, minuciosamente programado, para derrubar seu concorrente”.

Elter Garcia – que também é diretor da Cadeia Pública Hildebrando de Souza de Ponta Grossa – afirma que, ao longo de sua experiência, teve contato com apenas um psicopata. “É mais fácil encontrá-los no dia a dia. O psicopata dificilmente erra e, consequentemente, dificilmente vai preso. Outra questão é o diagnóstico: quando acabam na prisão, os psicopatas sabem que estão sendo analisados e, por isso, conseguem simular emoções”.

Exemplo de psicopata, de acordo com Elter Garcia, pode ser visto no filme ‘Prenda-me se for capaz’, uma história real de um jovem falsificador que se faz passar por piloto de avião, médico, promotor e professor de História. “Esse filme mostra claramente: o rapaz não mata ninguém, apenas ludibria e mente para alcançar seu objetivo”.

Simone Sanson explica que os psicopatas buscam satisfação pessoal.

De acordo com a psicóloga e especialista em sociologia jurídica, Simone Sanson, psicopatia é uma alteração neuropsicológica, em que a pessoa apresenta dificuldade de estabelecer vínculos afetivos verdadeiros. Apresenta frieza nas emoções e busca satisfação pessoal”.

Indícios de psicopatia, segundo Simone, podem ser percebidos desde a infância.
“São crianças que já cometem bullying e fazem crueldade com os animais. Elas mentem friamente, disfarçam e sempre acham uma forma de colocar a culpa em ou­tras pessoas”.

Problema, de acordo com ela, é que muitos pais não se atentam a essas características:
“Eles não dão maior importância, acham que é coisa da idade e que vai melhorar. E, com isso, a psicopatia vai se desenvolvendo”, detalha, acrescentando que crianças com características de psicopatia são extremamente sedutoras.

Na adolescência, essa pessoa começa a praticar pequenos furtos, sempre colocando a culpa no outro:
“O adolescente não aceita regras, passa sempre por bonzinho e age como não se incomodasse com os outros.

Na fase adulta, a situação se agrava, pois há o envolvimento com a criminalidade.
Os grandes traficantes, por exemplo, podem ser considerados como psicopatas, pois efetuam a venda de drogas de forma bastante organizada, com o objetivo de alcançar situação financeira confortável.
Além disso, os traficantes não são usuários, pois os psicopatas não fazem mal a si mesmos”.

Nesse sentido, é importante que os pais estejam atentos para as manifestações comportamentais, desde a fase da infância.
“Nem todas as pessoas que apresentam essas características são psicopatas, mas podem ser. Não é um diagnóstico fácil, por isso é preciso acompanhamento de psicólogo e psiquiatra”.

(Fonte:http://diariodoscampos.com.br/cidades/noticias/41395/?noticia=os-psicopatas-estao-entre-nos)